Empreendedorismo Feminino: Superando Desafios e Construindo Sucesso com Propósito
Introdução
O empreendedorismo feminino tem se consolidado como uma força transformadora no cenário econômico e social. Cada vez mais mulheres estão liderando negócios próprios, inovando em diversos setores e ocupando espaços antes restritos. No entanto, a caminhada rumo ao sucesso ainda é repleta de barreiras estruturais, culturais e econômicas.
Neste artigo, vamos explorar os principais desafios enfrentados por mulheres que decidem empreender e apresentar estratégias que ajudam a trilhar o caminho para o sucesso em um cenário desafiador.
Se você deseja entender mais sobre o papel da mulher no empreendedorismo e como superações individuais geram impactos coletivos, esta leitura é para você.
Desafios e barreiras enfrentadas por mulheres empreendedoras
Desigualdade no Acesso ao Crédito
Um dos principais obstáculos enfrentados por mulheres no empreendedorismo é o acesso desigual ao crédito e às condições de financiamento. Os dados são claros: embora as mulheres representem uma parcela significativa dos pequenos negócios no Brasil, elas enfrentam juros mais altos e menor volume de crédito concedido em comparação aos homens, ou seja, recebem uma quantia menor de dinheiro emprestado (crédito) em comparação aos homens para financiar seus negócios.
De acordo com a ANS Nacional, a taxa média de juros ao ano para pequenos negócios liderados por homens é de 36,8%, enquanto para mulheres sobe para 40,6%, além disso, mesmo com o aumento da presença feminina no empreendedorismo, apenas 29% do volume total de crédito para pequenos negócios é concedido a mulheres, contra 71% direcionado a empreendedores homens.


A desigualdade no acesso ao crédito tem impactos diretos sobre a sustentabilidade e o crescimento de negócios liderados por mulheres. Com menos recursos financeiros disponíveis, muitas empreendedoras enfrentam dificuldades para investir, crescer e sustentar suas iniciativas ao longo do tempo.
Dupla jornada
Outro obstáculo que impacta diretamente a vida de mulheres que decidem empreender, é a dupla jornada.
Muitas delas acumulam responsabilidades profissionais com tarefas domésticas e cuidados familiares. Segundo pesquisa da startup Olhi, 63,4% das mulheres empreendedoras conciliam funções domésticas com o trabalho, dedicando mais de oito horas ao negócio e de duas a quatro horas às atividades do lar diariamente. Essa rotina exaustiva contribui para altos níveis de estresse e impactos na saúde mental.
Além disso, a falta de apoio é um agravante: quase 55% das empreendedoras precisam conciliar sozinhas os negócios com o trabalho doméstico, enquanto apenas 18,3% contam com ajuda de amigos ou familiares.
Conciliar um negócio com a rotina da casa não é apenas uma questão de tempo — é uma prova diária de resistência. Muitas mulheres empreendedoras vivem uma verdadeira maratona invisível: trabalham o dia inteiro para fazer sua empresa acontecer e, ao chegar em casa, ainda enfrentam a segunda jornada — cuidar dos filhos, organizar a casa, preparar o jantar, resolver o que ninguém mais resolveu. É um cansaço que não aparece nas redes sociais, mas que pesa no corpo e na mente.
Cultura empresarial machista
Por fim, não podemos deixar de mencionar um dos desafios mais silenciosos e persistentes: o preconceito de gênero no ambiente dos negócios. Apesar dos avanços, o empreendedorismo ainda carrega resquícios de uma cultura empresarial machista, na qual o talento feminino muitas vezes é subestimado, desvalorizado ou colocado em dúvida.
Segundo pesquisa do Sebrae sobre Empreendedorismo Feminino, 42% das mulheres empreendedoras já presenciaram situações de preconceito contra outras mulheres, e 1 em cada 4 relata ter sofrido diretamente atitudes discriminatórias.
Essas experiências, fazem com que o talento feminino seja subestimado ou constantemente colocado em dúvida, a mensagem que se transmite, mesmo que de forma velada, é de que nós mulheres precisamos fazer mais para sermos reconhecidas. Transmitindo a ideia de que não somos boas o suficiente, mesmo quando temos formação, resultados e competência de sobra.
Logo, concluímos que o ambiente faz nós duvidarmos de nos mesma, e reconhecer essa realidade é o primeiro passo para mudá-la. E mais do que isso: é uma forma de acolher e validar a trajetória de milhares de mulheres que seguem empreendendo, mesmo quando o sistema insiste em não facilitar.
Conclusão
Mas em um cenário tão desafiador, é possível ter mudanças? A resposta é sim — e esse caminho se constrói com pequenas ações conscientes, que começam em cada mulher, mas que ganham força quando se transformam em movimento coletivo.
Para quem enfrenta dificuldades no acesso a crédito, um dos primeiros passos pode ser buscar orientação em instituições que oferecem suporte especializado. O Sebrae, por exemplo, disponibiliza consultorias gratuitas e materiais voltados ao público feminino. Iniciativas como o programa “Delas” (Desenvolvendo Empreendedoras Líderes Autônomas e Sustentáveis), também do Sebrae, oferecem capacitações e apoio para mulheres que desejam crescer com planejamento. Além disso, cooperativas de crédito como o Sicoob e plataformas como o Banco da Mulher Empreendedora (BME) têm linhas específicas voltadas ao fortalecimento de pequenos negócios femininos. Aprender a organizar o fluxo de caixa, definir preços corretamente e registrar os movimentos financeiros são atitudes simples, mas que fortalecem a gestão e aumentam as chances de obter apoio financeiro no futuro. Fica dica de leitura sobre dicas para crescer seu negócio clique aqui.
Quando falamos da dupla jornada, é importante lembrar que tentar dar conta de tudo sozinha não precisa ser o padrão — e está tudo bem se nem todos os dias forem produtivos. Criar uma rotina mais leve pode começar com atitudes simples: definir prioridades da semana, distribuir tarefas ao longo dos dias, incluir pausas e acolher os imprevistos sem culpa. Sempre que possível, dividir responsabilidades com quem está por perto — um filho mais velho, uma amiga ou uma rede de apoio — ajuda a aliviar a carga.
Grupos como o “Mães Empreendedoras Brasil”, no Facebook, também são espaços onde mulheres compartilham desafios, trocam apoio e se reconhecem. Quando o suporte mais direto não é uma opção naquele momento, buscar por creches públicas, espaços comunitários ou programas como o Criança Feliz pode ser uma forma de encontrar alternativas que ofereçam acolhimento e estrutura.
Uma das formas mais eficazes de transformar ambientes ainda marcados por desigualdade é aprender a se posicionar com segurança e clareza. Isso não significa adotar uma postura agressiva, mas sim comunicar, com naturalidade, sua formação, experiência e competência. Falar sobre seus resultados com confiança, corrigir interrupções com educação e sustentar suas ideias com firmeza são atitudes que demonstram autoridade — sem precisar se justificar.
Não se deixar intimidar por olhares de desconfiança é algo que se constrói com o tempo. Participar de redes de apoio, mentorias ou grupos de mulheres empreendedoras ajuda a fortalecer essa confiança. E mais importante: mostrar seu valor não é vaidade — é justiça. Ocupar espaços com firmeza é um ato de representatividade. E quando o respeito não está presente, reconhecer e recusar esse ambiente é também uma forma de proteger sua trajetória — e abrir caminho para outras.
Empreender, para muitas mulheres, é um ato diário de coragem — e cada avanço, por menor que pareça, tem valor. Porque quando uma mulher acredita no seu potencial e segue adiante apesar dos obstáculos, ela não transforma só a própria vida, mas inspira e fortalece outras ao redor. Que esse caminho continue sendo trilhado com autonomia, acolhimento e a certeza de que é possível, sim, prosperar em meio aos desafios — com dignidade, propósito e apoio, ainda que ele venha de outros lugares, ou mesmo de si mesma.
Escrito por Sofia Rossi